Apenas um dos municípios da Região dos Lagos não aderiu a novo programa de alfabetização do MEC.


Dos 7 municípios que compões a Região dos Lagos, 6 deles já aderiram ao programa do governo federal Tempo de Aprender, iniciativa da Secretaria de Alfabetização do Ministério da Educação (MEC). Somente Búzios não consta na última listagem liberada pelo MEC. Pelo menos 70% das secretarias estaduais de Educação do país, além do Distrito Federal, também já aderiram ao programa e o Rio de Janeiro está incluso.


Segundo dados do Ministério da Educação, até o dia 3 de novembro, quase 90% dos municípios do estado do Rio de Janeiro e quase 80% dos municípios do país já aderiam ao programa federal.


O Tempo de Aprender, lançada em fevereiro de 2020 e voltada à alfabetização formal na pré-escola e no 1º e 2º ano do ensino fundamental, encontrou resistência de uma parte de representantes da educação. Inicialmente, muitos gestores a rechaçaram e acusaram o MEC de não debater a elaboração do programa com estados e entidades do setor.


A crítica a inciativa, de adesão voluntária, se dirigia ao conteúdo da ação, uma vez que ele decorre da nova Política Nacional de Alfabetização (PNA), cuja abordagem difere do que os governos anteriores promoviam na área da alfabetização. Alguns secretários também afirmaram que o MEC confrontaria políticas já em andamento nos estados e municípios.


"O diagnóstico do secretário [Carlos] Nadalim está correto, nós não estamos alfabetizando, 50% dos alunos de escolas públicas brasileiras, no 3º ano fundamental, saem não alfabetizados. Há, sim, um problema sério que precisa ser endereçado", diz Cláudia Costin, diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da FGV, e mentora de 50 secretários municipais de educação. Ela afirma que todos aderiram ao programa e "estão contentes com o que tem sido oferecido pelo governo nessa área".


Cláudia Costin acredita que já na próxima avaliação de alfabetização o programa já vai entregar um resultado melhor. Ela ainda destacou que já há um certo consenso de que precisamos mudar a forma como alfabetizamos.

Undime e Consed, que representam, respectivamente, secretários municipais e estaduais de educação, foram até mesmo convidados a compor um grupo de trabalho que normatiza as próximas ações do programa.


Foto: Diário Aldeense


O Diário Aldeense entrou em contato com a Prefeitura de Búzios sobre a não inclusão do município no programa federal mas não obteve resposta até o momento de publicação dessa reportagem.

O programa

Com o objetivo de mudar os indicadores de alfabetização do país, o programa prevê quatro principais ações: 

1)Fornecer formação continuada a profissionais de educação, com base nas evidências científicas mais recentes e já consolidadas; 

2)Fornecer recursos pedagógicos, estratégias de ensino, atividades e avaliações formativas para que docentes apliquem em sala; também com base em experiências exitosas mundo afora; 

3)Fornecer aos profissionais de educação um método de aferição de fluência de leitura oral de alunos 

4)O governo prestigiará professores quando os alunos obtiverem bom desempenho em alfabetização.


Nova política baseada em estudo científico

Medir a fluência de leitura dos alunos também é um aspecto apontado por críticos, para os quais mensurar esse ponto não passa de uma "pressão" a mais sobre os estudantes. Eles também interpretam que quem defende e realiza testes de fluência de leitura ignora os diagnósticos de compreensão de texto.


Apesar das crítica de uma ala da educação, o novo programa do governo federal é pautado em comprovações de estudos científicos que mostram um novo caminho para a alfabetização no Brasil. Uma janela de oportunidade de recuperar 40 anos de equívoco como diz João Batista Araujo e Oliveira, doutor em Educação pela Florida State University e presidente do Instituto Alfa e Beto, ao Gazeta do Povo:


"No caso da alfabetização temos dois movimentos necessários. O primeiro é enterrar 40 anos de equívocos – e isso levará tempo. A mentalidade dominante ainda é contrária a qualquer discussão séria sobre alfabetização. O segundo é dispor de estratégias comprovadamente eficazes para levar a alfabetização para as salas de aula".


Um dos estudos é o da Society for the Scientific Study of Reading (SSSR) que, em 2001, chegou à conclusão de que um alto número de palavras lidas corretamente por minuto indica uma base robusta de conhecimento de vocabulário e compreensão significativa do texto. "Por outro lado, uma baixa taxa de palavras por minuto (ppm) sugere habilidades ineficientes de reconhecimento de palavras, um vocabulário pobre e habilidades de compreensão de texto com defeito", afirma o relatório.


Outro é o da National Reading Panel, antigo órgão norte-americano constituído com objetivo de realizar estudos sobre a eficácia de diferentes abordagens utilizadas para o ensino da leitura e escrita. Após rigorosas análises, foram identificados cinco pilares essenciais para uma alfabetização efetiva, dentre os quais está a fluência. São eles: consciência fonêmica, instrução fônica sistemática, fluência de leitura, o vocabulário e a compreensão de textos."


Por Diário Aldeense

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