Fraude milionária na saúde de Arraial do Cabo é alvo de operação da Polícia Civil

Foto: Divulgação


A Polícia Civil, por meio da 132ª DP, realizou nesta segunda-feira (09) a operação "No Fio do Bigode" em Arraial do Cabo com o objetivo de apurar fraudes em licitação, irregularidades na contratação, por parte da Prefeitura de Arraial do Cabo, de dois laboratórios de análises clínicas, cobrança por exames que nunca foram feitos e falta de assistência à população. O nome da operação faz referência à celebração de contrato de boca


Ao todos estão sendo cumpridos 12 mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça em cinco cidades: capital do Rio de Janeiro, Arraial do Cabo, Búzios, Saquarema e São José de Ubá.


De acordo com as investigações da Polícia Civil, no esquema montado os contratos eram feitos através de acordos verbais, sem qualquer tipo de papel ou comprovante. As empresas investigadas, que pertencem aos mesmos donos, receberam da Secretaria Municipal de Saúde, nos últimos quatro anos, mais de R$ 6 milhões. Somente uma delas recebeu durante um ano e meio, cerca de R$ 2 milhões e meio.


Policiais civis de sete delegacias do Departamento Geral de Polícia do Interior (DGPI) foram ao Hospital Geral de Arraial do Cabo, Hospital de Búzios e em endereços de empresas e de residências dos investigados, entre eles, uma fazenda na manhã desta segunda-feira (09). Entre os alvos está o ex-secretário de Saúde de Arraial do Cabo que deixou o cargo há cinco meses.


Ainda segundo investigação da Polícia Civil, o laboratório Mega Lagos foi contratado em caráter emergencial, em janeiro de 2017, por seis meses, para realizar exames no Hospital Geral de Arraial do Cabo e em todos os postos de saúde da cidade. No entanto, durante esse período, a empresa não prestou atendimento nos postos e realizou apenas alguns exames emergenciais nos pacientes internados no hospital. Apesar disso, cobrou e recebeu da Secretaria Municipal de Saúde por milhares de exames que sequer estavam disponíveis. Após o término do prazo emergencial, em junho de 2017, a Mega Lagos continuou atuando em Arraial do Cabo e recebendo pagamentos, até dezembro de 2018, sem ter nenhum contrato firmado com a administração municipal.


As investigações também apontaram que, na prática, Mega Lagos e Masther Lab são a mesma empresa, tendo, inclusive, os mesmos funcionários e endereços comerciais. Após essa transição, o casal de empresários passou a Mega Lagos para o nome de um “laranja”. A Mega Lagos prestou e a Masther Lab ainda presta serviços também para a Prefeitura de Búzios.


O ex-secretário de Saúde também é investigado pela Polícia Civil, em outro procedimento, por peculato e lavagem de dinheiro. Já o dono dos laboratórios, tem passagem na polícia por falsidade ideológica e foi condenado, em dezembro de 2019, por fraudar pedidos médicos e simular a realização de exames em favor da Mega Lagos.


Sobre a operação da polícia, a Secretaria de Saúde de Arraial do Cabo disse que a ação faz parte de uma investigação de 2017 que apura possível envolvimento de ex-funcionários da pasta. “Desde o início da investigação, a Secretaria de Saúde tem colaborado com a Polícia Civil e com o Ministério Público prestando todas as informações solicitadas bem como apresentando todos os documentos”, diz a nota.


Na ação de hoje, a Procuradoria da Secretaria de Saúde do município acompanhou a diligência no Hospital Geral, que buscava apreender documentos e contratos das empresas investigadas. “Cabe esclarecer também que não houve condução de funcionários à delegacia e que a secretaria está à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos que se fizerem necessários”.


Por Diário Aldeense

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