Vara criminal de São Pedro da Aldeia condena 11 PMs e mais 13 por envolvimento com tráfico

Onze policiais militares e outras 13 pessoas acusadas de envolvimento com o tráfico de drogas no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, e nos morros do Bumba, em Niterói, e da Coruja, em São Gonçalo, ambos municípios da Região Metropolitana, foram condenados pelo juiz da 2ª Vara Criminal de São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos. A condenação teve como base as investigações da Operação Dezembro Negro, realizada naquele mês, em 2011. Na ocasião, policiais militares foram presos acusados de receber propina para não reprimir a chegada de entorpecentes nas comunidades que serviam como entreposto até o envio das drogas para toda a Região dos Lagos.

Os policiais foram denunciados pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e condenados por tráfico e associação para o tráfico, na forma omissiva. A pena é de dez anos e oito meses de prisão e prevê também a perda da funcção pública. Os demais foram condenados por tráfico e associação para o tráfico. Eles cumprirão penas que variam de quatro a 14 anos de prisão ou prestação de serviços à comunidade.

De acordo com a denúncia oferecida à Justiça, as investigações conduzidas pelo Gaeco e pela Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo identificaram que a distribuição de drogas na Região dos Lagos tinha origem no Complexo da Maré A droga passava pelos morros da Coruja e do Bumba - que funcionavam como entrepostos -, antes de seguir para seu destino final. O ponto principal de distribuição era a cidade de São Pedro da Aldeia. Ainda de acordo com a denúncia, os homicídios relacionados ao tráfico naquele município se intensificaram após o processo de pacificação do Complexo do Alemão.

Tenente-coronel também investigado
Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça revelaram que policiais militares do 7º BPM (São Gonçalo) negociavam propinas com traficantes para não coibir o tráfico de drogas. Sargentos, cabos e soldados, que integravam o Grupo de Ações Táticas (GAT), combinavam com o denunciado Maico dos Santos, o Gaguinho, o pagamento de propina semanal no valor de R$ 20 mil, dos quais R$ 10 mil eram, de acordo com a denúncia, repassados ao ex-comandante do 7º BPM (São Gonçalo) tenente-coronel Djalma Beltrami.

O tenente-coronel foi preso em 20 de dezembro de 2011, após a decretação de sua prisão temporária durante a operação Ele conseguiu um habeas corpus. Beltrami foi preso novamente pela Corregedoria Geral Unificada (CGU) no dia 12 de janeiro de 2012, , mas voltou a obter um habeas corpus um dia depois. O processo ao qual o ex-comandante responde foi desmembrado e o julgamento ainda não foi concluído. O MP tenta reverter a decisão por meio de um recurso especial interposto junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), ainda à espera de julgamento.

Os demais condenados já estão presos, à exceção do traficante Marcelo Fernando Pinheiro Veiga, o Marcelo Piloto, que está foragido. Outras 14 pessoas relacionadas ao tráfico também tiveram seus processos desmembrados. Eles ainda não foram julgados. Um policial militar morreu ao longo do processo, o que levou à extinção da punibilidade.

Os policiais condenados são: Adão Debona Pereira, Carlos Almeida Teixeira, Marcelo Sena da Silva, Giovane da Silva Ferreira, Marcelo da Fonseca da Silva, Anderson Gama Trindade, Alexandre Calixto Bastos Pereira, Leandro Alves Coelho, Roberto Dias Toledo, Leonardo de Aguiar Muzer Rezende e Junior Cezar de Medeiros.

Créditos ao Extra

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